sábado, 10 de fevereiro de 2018

Carnaval na política.


Estamos em fevereiro. 
O que já imaginávamos lá atrás está em curso. 
Tudo farão para impedir que Lula seja candidato a presidente.  Condená-lo sem provas.  Prendê-lo.  Encontrar outros motivos para impedi-lo de concorrer.  Promover um atentado contra sua vida.  Mudar as regras eleitorais com agilidade ímpar.  Alterar o “regime”.  Aquilo que for preciso para barrar sua volta ao comando deste país.
Isso só reforça uma coisa.  Lula mete medo.  E sua influência é indiscutível.
Embora não devamos sustentar o “messianismo”, o fato é que sempre precisamos da figura de um líder com popularidade e apreço sem precedentes para conduzir o povo.  E principalmente neste momento. 
Metade da nação defende Lula declaradamente, mas e o resto?  A outra metade?
O cenário mostra que esta outra parte do povo brasileiro está bem dividida.  Há os desapontados com os governos de Lula e Dilma, têm os direitistas, os que sempre odiaram a figura do metalúrgico, e ainda os esquerdistas mais radicais, que não aceitaram e não engolem a política conciliadora e de concessões. Mas há um grupo grande de alienados, com pensamento implantado e incoerente, que simplesmente quer ver o “molusco” atrás das grades.
Talvez, pessoas com séria confusão, sem a capacidade de interpretação de classe.  Os chamados “pobres de direita”.  Mas talvez, simplesmente e mais grave, a massa de manobra.
Situação até aí natural, nada nesse cenário me causa, ou causaria espanto.
O que apenas me estranha é a mansidão, a condescendência e a paciência inexplicável do próprio militante do PT.  Os partidários de Lula.
Ainda “musculoso” do ponto de vista de sua grande militância e com ampla ação nacional, pois  ainda conserva mandatos, o Partido dos Trabalhadores soma forças que o compõem por dentro, ou que orbitam em torno de seu centro. Por isso não aceito esta sua “calma”, contrariada apenas por espasmos voluntários de alguns poucos de seus membros. 
O que na verdade estão esperando os petistas?
Hoje, membros da classe artística e intelectuais de toda sorte, junto com boa parte do povo simples e outros simpatizantes, estão falando mais alto do que o próprio partido do ex-presidente. 
É gente que dá a cara para bater, com muito mais a perder, empregando veemência e convicção na defesa de Lula.
O PT parece trabalhar na expectativa.  E tem sido assim ao longo de todo esse processo. 
Vamos aguardar a decisão de primeira instância.  Vamos aguardar o segundo julgamento.  Vamos aguardar a postura do Supremo.  Vamos aguardar que Lula indique um substituto pra gente votar nele.  Vamos aguardar o pleito e legitimar o golpe final. Enfim, vamos aguardar.
Isso incomoda muito a quem pensa como eu.  A quem acredita que nunca na história deste país foi dada tanta contribuição para a construção das condições objetivas para um verdadeiro levante da classe trabalhadora.
Sem liderança e sem formação, coisas que nos primeiros governos da era PT podiam ter sido resolvidas, as massas ficam à mercê de orientações que nunca chegam.
O máximo que vemos, neste sentido,  são ações em “lotes” como manifestações que já não metem medo a um congresso sem qualquer pudor e a um judiciário que cada dia se distancia mais e mais da justiça.  Sem falar na mídia que as ignoram ou desqualificam ainda mais.
A nossa briga na internet não é vã.  Como não é à toa a manutenção da discussão diária em casa, no trabalho, na igreja etc.  Só que isso não vai resolver de fato o nosso problema.  Não impedirá que se continue, de forma deslavada, o desmonte deste país.  O “entreguismo” praticado a olhos vistos por esta súcia que se prolifera nos meios políticos.  A dilaceração de direitos e conquistas.  O retrocesso social que estamos assistindo dia após dia.
Só uma convulsão será capaz de deter este “plano do mal”, arquitetado sabe-se lá por quem, com a finalidade de tornar o Brasil um país submisso.
Que não fique confusa a minha opinião.  Não prego que não se vote nas próximas eleições.  Não prego que se promova um quebra-quebra sem escrúpulos.  Mas por outro lado, questiono a passividade vergonhosa com a qual assistimos a compra de votos no Congresso (de forma declarada).  Com a qual permitimos que se leve a cabo a votação de uma reforma previdenciária excludente e assassina.  A maneira como aceitamos a entrega quase gratuita de nossas reservas naturais.  Sem falar na nomeação de ministros e outros nomes, comprovadamente criminosos, para ocupar cargos relevantes nos destinos da nação.
Deixamos que a mídia e parte do judiciário levassem a cabo um projeto corrosivo e inteligentíssimo, misturando  “justiça” com “revolta”, batizado de Lava Jato.  Hoje, comprova-se que sua finalidade maior era denegrir a imagem de empresas como a Petrobrás até torna-las baratas para compradores estrangeiros.  Aliás, sonho de criança de alguns inimigos que almejavam o controle de nosso petróleo desde a criação da Petrobrás na era Vargas.
A Lava Jato parou (sangrou) o país.  Afastou todos os inimigos do “privatismo”.   Tentou soterrar o partido do governo petista sem prender um só tucano.  Distraiu as atenções gerais.  Comoveu os brasileiros com os escândalos cinematográficos diários na televisão, enquanto helicópteros de cocaína, aviões sem dono, deputados promíscuos e malas de dinheiro ocupavam apenas espaços menores do noticiário.
Ainda hoje, negociatas e barganhas se veem sem punição.  Crimes gigantescos em proporção são coniventemente prescritos e a prática de uma “justiça” parcial não é segredo.
Quanta gente sem caráter.  Sem vergonha na cara.  Sem moral.  Pilantras de carteirinha que continuam a discursar por todas as esferas de poder e nos diferentes cargos públicos que ocupam.  Sempre pensei como podiam dormir, ou encaram seus filhos, mas na verdade essas figuras sombrias não têm espírito, nem alma.  Só a história, ou só Deus para lhes compensar a sujeira de suas miseráveis existências.
Mas e o povo?  Que assiste a tudo isso sem buscar entender direito o que está acontecendo, tendo por única preocupação a prisão de Lula pelo possível crime de “ganhar” um apartamento no Guarujá.  E quando tentamos elucidar algo, nos atacam, nos agridem, nos acusam de “petralhas”, protetores de “bandidos de estimação”, de “comunistas”, mesmo que não tenham a menor ideia do que queira dizer cada uma destas palavras.
Não dá pra desprezar este quinhão de pessoas.  Correspondem a uma fatia considerável do povo.
A eles, contudo, está faltando “norte”.  E eu penso que cumpriria ao maior partido de massas da América Latina desenvolver esta ação.  Formar, orientar e desnudar tudo, por mais difícil que esta missão pareça.  E não o fará se continuar preocupado apenas com as eleições.  Com a retomada do  “poder”.  Alguns inclusive com seus “cargos” atuais e por fim, com disputas internas, seu maior defeito.
O partido dos trabalhadores, tal qual o Brasil, caso Lula voltasse, devem ser entregues urgentemente a quem de fato pertencem:  Ao trabalhador.

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